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MEMORIAL DESCRIPTIVO DA DEMARCAÇÃO DA POSSE 'POUSO ALTO', REQUERIDA AO ESTADO POR JUSCELINO F. GUIMARÃES E OUTROS

MEMORIAL DESCRIPTIVO DA DEMARCAÇÃO DA POSSE 'POUSO ALTO', REQUERIDA AO ESTADO POR JUSCELINO F. GUIMARÃES E OUTROS


No dia quinze de junho do corrente anno de mil novecentos e vinte e cinco, às nove horas da manhã, na posse denominada Pouso Alto, morada de Juscelino F. Guimarães, presente o requerente e vários curiosos, declarei em conformidade aos editaes publicados, installados os trabalhos de demarcação da posse Pouso Alto, requerida por Juscelino Ferreira Guimarães e outros. Declarados os limites que deve ser percorridos e seu eram: ao Norte, por um rumo fui partindo do espigão de águas vertentes do Pouso Alto, fosse ter ao Rio Sucuriú passando em confrontação com a cabeceira do olho d'água, que hoje se chama Jaraguá, conforme testemunhos e voz pública; ao sul (SIC) posse da Pedra, pela cabeceira da Formiga e seu 'jaelo' Lagoinha pela baixada esta ao espigão mestre de águas; as nascente pelo Rio Sucuriú e ao poente com quem se dirige sempre pelo espigão mestre de águas divisórias.   

Iniciados os trabalhos na estação primeira, na margem do Rio Sucuriú numa aberta de mattas em campos limpos de varjão, ali calculei por observações sucessivas a declinação magnética que accusou 3º51'W'. O apparelho usado foi um Theodolito de Keuffel & Esser Cg, devidamente certificado sua corrente de vinte e cinco metros e balisas. Foram occupados camaradas de machados, foice, corrente e balisas, ao todo oito homens.   Não houve testes iniciais dos trabalhos até a sua terminação declaração ou protesto e ficou quer que seja.   A posse Pouso Alto, foi em tempos anteriores à Guerra do Paraguay, installada na cabeceira que lhe deu o nome.  Em 1856, diz o posseiro que a transferiu à Juscelino Ferreira Guimarães e que mora de aggregado nessa posse, era ainda moço, quando estalou a guerra e passaram as forças para o Paraguay.   

Manteve continua posse por si e seus filhos, fasendo roças, plantando invernadas e criando gado. Sustentou vários encontros com os (SIC) dias Corrados. Das posses secundárias que cultivava, além da primeira que mais hoje conserva seus mangueiros e ranchos de aroeira, cerejeiras e outras árvores frutíferas, cultivou com a morada de seus filhos e agregados Cândido Dias e José Leme; na cabeceira do Córrego do Matto, onde hoje é aggregado Gregório Martinelli; na cab. da Ponte, onde hoje é aggregado Antônio Bahia; na cab. do Burity, onde desde 1893, (SIC) qualidade de aggregados João Baptista Dias, Elpídio e Francisco, filhos deste; na cabeceira da Formiga, onde hoje é aggregado Antônio Firmino, genro de João Baptista Dias.       

Não há menção de até a occasião da medição ter sido contestada ào posseiro e seus successores, que se encontrou por vários.    Além desses aggregados, existe um de nome José Justino Alves, que no pontal da cabeceira da Formiga com o rio Sucuriú, tem formada a sua lavoura de canna e invernadas de capim Jaraguá. Serve-se um olho d'água que verte para o Sucuriú.      

A posse Pouso Alto, com a área total de vinte e sete mil seiscentos e sessenta e dois hectares, setenta e sete ares e vinte e oito centiares, está situada na margem do Rio Sucuriú, à vinte e cinco léguas da Estrada de Ferro, limitando-se com o Rio Sucuriú por um lado, com a posse da Pedra por outro, desde a barra do Cº. da Formiga até a da Lagoinha, por está à sua ponta, pela baixada fora até o Espigão mestre de águas, onde está o MPXIV; com a posse do Mosquito, desde o MPXIV e pelo Espigão de águas até o de Nº VI; com a posse Bananal, desde o Nº VI ao V pelo Espigão e com devolutos que constituía primitivamente a posse dos Pereira até o MP.I na barranca do Rio Sucuriú. A sua configuração é de um polyggono irregular; é pobre de águas e mattas; seus campos são areosos e margeando o Sucuriú terreno firme de boa colheita. Tem vários mancebos a terra roxa.

Começando a estação 1º e com vários recursos e distâncias, cruzando as cabeceiras do Burity, da invernada do Salto, do Pouso Alto; da ponte, do Matto e Jaraguá, segue o alinhamento percorrido sempre marginal ao Sucuriú, percorrendo águas acima, ora na matta ora no campo. Após ter cruzado a cabeceira do Jaraguá, e do olho d'água, com a distância de 1.198 metros allém fiz o alinhamento o ponto do espigão divisor de águas do Jaraguá, que serve a ponte a norte do rumo indicado no registro primitivo e que foi confirmado pelo posseiro que acompanhou os trabalho e que foi o requerente primitivo da legalisação presente, de nome Antônio Correa de Oliveira.

Procedi então a verificação do ponto do espigão que ficava fronteiro à cabeceira do olho d'água (ilegível) concluídos determinam o ponto de (ilegível) Rio Sucuriú (ilegível) indicado no registro. Nos (ilegível) da cabeceira do Jaraguá foi cravado a MPII e á 575 metros deste e no (ilegível) alinhamento da vante, o de Nº MPI, testemunhado com test. de aroeira. Levam todos os acasos testa (ilegível) com aquelles e os conductores são de aroeira com os (ilegível) regulamentares.

Do MPII que é a estação oitava e com rumo SW 41º10' e 8330 metros, segue ao marco principal MPIII, que é a estação 9º, sempre em cerrado e campo cruzando duas estradas que vem da Fazenda São João; da 9º à 10º que é o MPIV segue com rumo SW 12º10' e 2149,00 metros, cruzando a estrada que vae a posse Mosquito; da 10º à 11º com rumo SW 74º47' e 5151, metros, vae ter ao alto do espigão da baixada da cabeceira da taperas confrontação da posse Bananal, onde está cravado o MPV; da 11º à 12º que é o MPVI, segue com rumo S.E. 13º00 e 1300 metros; começa a confrontação da posse Mosquito; da 12º à 13º que o MPVII segue com rumo S.E. 84º41' e 2441 metros; da 13º à 14º que é o MPVIII segue com rumo S.E. 70º37' e 1783 metros; da 14º à 15º que é o MPIX segue com rumo S.E. 54º04' e 4382 metros; da 15º à 16º, que é o MPX, segue com rumo S.E. 64º28' e 2451 metros cruzando a estrada que vae a posse Mosquito, da 16º à 17º que é o MPXI, segue com rumo S.E. 88º30' e 3253 metros, cruzando a estrada que vae ao Pouso Alto; da 17º à 18º que é o MPXII, segue com rumo S.E. 63º13' e 3742 metros; a 18º está na estrada que vae ao Mosquito; da 18º à 19º que é o MPXIII segue com rumo S.E. 50º36' e 2364 metros; da 19º à 20º que é o MPXIV, onde começa a confrontação com a posse Pedra, segue com rumo S.E. 59º18' e 861,00 metros. a 20º esta na estrada que vae a posse da Pedra, no alto do Espigão da baixada da C. da Lagoinha; da 20º à 21º que é o MPXV, segue com rumo N.E.  N.E. 68º00 e 1405 metros: da 21º à 22º que é o MPXVI, segue com rumo N.E. 70º45' e 1430 metros; da 22º à 23º que é o MPXVII, cravado na ponta da cabeceira da Lagoinha, segue com rumo N.E. 77º31' e 2271 metros. Continua estas alinhamento pela cabeceira da Lagoinha abaixo da sua () na da Formiga, e por esta abaixo até a barranca onde está a st. 25º à 230 m do R. Sucuriú, sobe por este até a ponto de partida que é a est. 1ª. Todos os alinhamentos percorridos, perfazem o total de 74.597 metros, sendo que do MPI ao de Nº XVII, é todo em cerrado limpo de campo nativo.

Concluída assim a demarcação do perimetro seco e o levantamento do constituído por águas, procedi ao cálculo da área polygonal analyt. e da estas e intra polygonal para triangulação e pela f. de S., área declarada no total no início deste memorial.

Três Lagoas, 17 de Julho de 1925.

Ass. João Augusto Cândido Waack

Agrimensor


Transcrição feita por Rudi Guimarães, bisneto de Juscelino Ferreira Guimarães, requerente da Fazenda Pouso Alto. Ressaltamos, que essa área foi depois repartida entre os outros posseiros, com a maior parte para Juscelino F. Guimarães, total de 15.663 hectares. 

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