Pular para o conteúdo principal

João Ferreira Guimarães

Casamento de João Ferreira Guimarães e Adelaide Teodora dos Santos

João Ferreira Guimarães (24 de junho de 1923) - Nascido na Fazenda Barra Mansa próximo a cidade de Água Clara, era o primeiro filho do casal recém casado Antônia Ferreira de Melo e Juscelino Ferreira Guimarães, pecuaristas da região do bolsão, ela oriunda de famílias bem tradicionais do Estado ligado ao desbravamento e fundação de cidades; já Juscelino, que tem a sua história em volta em mistérios desde a sua saída de Pouso Alto, Goiás (atual Piracanjuba) até os seus estudos no Seminário de Uberaba, e sua fuga e chegada ao Sertão do então sul de Mato Grosso.

Vindo de um berço tão especial, teve o privilégio de conviver desde muito cedo com o seu bisavô Coronel Antônio Trajano dos Santos, onde pode ter a dádiva de ouvir histórias da fundação da cidade de Três Lagoas e toda aventura que foi conquistar aqueles rincões, foi assim que João adquiriu o conhecimento e maturidade para desde jovem poder ao auxiliar os seus pais nos lides da fazenda.

Em 1925 seu pai adquiriu a posse Pouso Alto, onde contratou o Advogado Dr. Generoso Siqueira para o requerimento definitivo da propriedade e seu excesso, nisto, a sua família teve de desembolsar quase toda a herança em criação para ter a posse definitiva, recebendo título definitivo em 1927, quando já tinha ganho mais dois irmãos.

Seu estudo foi pouco, mas bem proveitoso, no renomado Colégio 2 de Julho cuja administração era do Profº João Maggiano Pinto, que implantou um colégio que recebia alunos das famílias mais proeminentes da região. Tal oportunidade era financiada pelo seu padrinho Adolfo Pereira dos Santos, que era seu tio-avô e proprietário de parte de terras da Córrego Fundo (12.000 hectares), estudando apenas quatro anos, pois segundo ele mesmo, não gostava de frequentar as aulas.

Com dezesseis anos de idade já fazia o difícil percurso de abastecer a Fazenda dos pais com mantimentos que ia buscar na Estação de Ferreiros, onde de forma laboriosa e com gosto servia aos seus pais. Também é lembrado por seus primos de primeiro grau, Ronaldo e Regina,por ter carreado muitas vezes para seu tio Jorge Costa, morador e proprietário de partes da Fazenda Córrego Fundo.

Segundo João, namorou muito, chegando a namorar a irmã de sua tia Enedina Ottoni (esposa de Jorge Costa), uma das filhas do abastado fazendeiro Sebastião Martins Gonzaga, entre outras, mas acabou por casar com uma prima sua, Adelaide Teodora dos Santos (16 de dezembro de 1928, faz. Barra Mansa), filha de Arnaldo Pereira dos Santos e Isabel Teodora Fonseca (ou Nogueira). O parentesco deles advém de seu sogro Arnaldo, que era filho de Alípio Pereira dos Santos, irmão de sua avó materna, Olímpia Pereira dos Santos; ambos filhos de Antônio Trajano dos Santos, porém tinha um parentesco um pouco mais distante com a sua sogra por via dos Garcia Leal.

Arnaldo, ao contrário dos seus primos, era um homem de condições simples, tinha um Sítio de 22 alqueires no patrimônio fundado por Juscelino. Por muito tempo a área de 3.600 hectares era formada por pequenas posses que se organizaram por via de aforamento municipal. Foi ali que Arnaldo montou um rancho de pau-a-pique para viver com a sua família. Inclusive, por ser vizinho dos Guimarães, que João e Adelaide namoraram por três anos, até se casarem em Três Lagoas.

Seus pais eram contrários, inicialmente, ao casamento de ambos, por não terem o mesmo estatuto social. No entanto, isso não fez diferença para que João decidisse se casar com sua prima Adelaide, noivando e marcando casamento. Era um costume já comum de fazendeiros da região, unirem-se a pessoas com o mesmo parentesco, inclusive, para manter as posses dentro da mesma família. João seguiu esse costume

O casamento em si, foi uma aventura, deslocaram-se a cavalo e carros-de-boi para Água Clara, lá celebraram o casamento civil, rumando depois para a cidade de Três Lagoas de trem. O Objetivo era realizar o casamento na Matriz, conforme o desejo dos noivos.

Estação Ferroviária de Três Lagoas.

Igreja Matriz de Três Lagoas, onde João e Adelaide se casaram.

Ao retornar da cerimônia de casamento, foram recepcionados com festa na Fazenda Pouso Alto, lugar onde passariam a viver juntos um ano, até ficar pronta a nova morada. João escolheu uma localidade própria para construir-se um rancho com monjolo e bica d'água, ficando pronta, logo se mudaram. A casa era constituída em uma sala, dois quartos amplos, corredor, dispensa e uma cozinha com fogão a lenha, chão batido e quintal cercado por aroeiras, foi feito também um paiol para guardar a produção da roça. A sede localizava-se próxima ao córrego Pouso Alto, e a uma mina d'água onde se tirava barro branco específico para barrear as paredes.

Iniciou sua manada 50 reses, mais 8 vindos de sua esposa como dote, entretanto, assumiria logo um empréstimo para a compra de 100 reses. No entanto, essa sua aposta não seria bem sucedida, perdendo quase tudo por uma forte seca, tendo que pagar tudo sem ter obtido qualquer lucro. Por isso, começou a criar gado de outro criadores locais, com vista em pagar tal empréstimo e formar o seu próprio rebanho. Porém, a fazenda de seus pais, por maior que fosse não tinha capacidade suficiente para ter gado de todos os seus filhos, causando muitos conflitos entre seus irmãos.

Portanto, para resolver esses problemas, comprou áreas vizinhas a sua morada, a começar pelas terras de seu sogro. Depois, seguiu comprando outras áreas que formariam mais de 200 hectares de terras férteis, formadas em capim jarágua. Tal empreendimento, deu-lhe fôlego para continuar a sua criação e aumentá-la para a quantia de 500 reses, 

João Guimarães tratando do gado
no mangueiro.
Arrudes encima do trator, na sede de
João Guimarães.


Elisângela e Maria, na bica d'água.
Arrudes, João, Alessandro e Antônio
Fazenda Pouso Alto.



O método de criar gado de outros para formar o seu próprio era muito antigo, por exemplo, é mencionado que Protázio Garcia Leal quando chegou a atual região onde é Três Lagoas, pegou gado a dobrar. Começando assim, o que tornou-se uma fortuna, depois de décadas de muito trabalho e esforço.

Em 1979 recebeu de seu pai 1.096,63,63 (mil e noventa e seis hectares), sendo parte de campo e outra parte de cultura, tal distribuição seguiu igualmente com os seus dez irmãos. A distribuição para si ficou 327 hectares de terra para cultura, e o restante em campos apropriados para serem formados em capim brachiara, margeando o córrego Pouso Alto, hoje partes das fazendas Alto Angical e Nova Pouso Alto.

Foi encontrada na Matrícula 220 de imóveis, na Comarca de Ribas do Rio Pardo, uma doação de área de 491,63 (quatrocentos e noventa e um hectares e sessenta e três ares) no dia 26 de Novembro de 1983 aos seus três filhos; Maria, Antônio e Arrudes, sendo portanto 163,87,66 (cento e sessenta e três hectares e oitenta e sete ares e sessenta e seis centiares) a cada um de seus filhos em proporção, dos quais cada um fez o uso que lhe coube.

Descendência

1 - Maria Aparecida Guimarães - Nascida em 05 de Novembro, dia do aniversário de sua avó mais velha, foi casada com Vaudeli Camargo dos Santos, seu primo, filho de Antônio Nogueira de Camargo (filho de Manoela Pereira dos Santos, irmã de Arnaldo P. dos Santos) e Maria Nogueira de Camargo, fazendeiros e proprietários da Faz. Saltinho.

            a - Elisângela Camargo Guimarães, que gerou um casal de filhos, sendo já avó.
            b - Alessandro Guimarães Camargo, teve dois filhos, um casal.
            c - Antônio João Guimarães Camargo, tem uma filha.

2 - Antônio Ferreira Guimarães - Nascido em Agosto, casou-se com Claudete Medeiros, filha de João Camargo de Medeiros (por sua vez, filho de Manoel Ferreira de Medeiros e Augusta Cândida Ferreira) e Vanda Pereira, descendente dos Pereira, muito antigos na região e indígenas da tribo caiapó. Inclusive, o casal tinha um laço de parentesco distante pela família Garcia Leal. Toma-se nota que eram proprietários de 80 alqueires, parte da fazenda Burity.

            a - Adriana Medeiros Guimarães, tem uma filha com Alexandre Pio.
            b - Tatiane Medeiros Guimarães, tem um casal de filhos.
            c - Maria Eunice Medeiros Guimarães, tem descendência.
            d - Jean Cláudio Medeiros Guimarães, tem duas filhas.

3 - Arrudes Ferreira Guimarães - Nascido em 7 de dezembro de 1956, casou-se com Cláudia Virginia dos Santos Guimarães, filha de Manoel Marques Garcia (filho do lendário e poderoso fazendeiro, José Marques Garcia, o Bacurau e Maria Garcia Leal) e Ana Maria Garcia (filha de Antônio Alves Ferreira e Francisca Garcia de Carvalho).

         a - Rudi Matheus Resende Guimarães, nasceu em 5 de julho de 1995 em Três Lagoas, é Historiador, formado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
           b - Caroline Resende Guimarães, nascida em 22 de junho de 1998 em Três Lagoas, Engenheira da Automação.

Importante aqui ressaltar, que tanto Maria quanto Antônio, tiveram tais nomes devido a promessa a Santos Cristãos, devido a dificuldade de Adelaide nas respectivas gestações de seus filhos.

Fica aqui a homenagem ao meu estimado avô João, e a felicidade que tive de ajudar a cuidar dele na velhice, como também do convívio de minha estimada avó, ambos já falecidos.

FONTE:

Certidão de matrícula 7.984 Livro 2 - Comarca de Três Lagoas.
Certidão de matrícula 220 - Comarca de Ribas do Rio Pardo.

Memória:

Adelaide Teodora dos Santos
João Ferreira Guimarães
Arrudes Ferreira Guimarães
Maria Aparecida Gumarães
Antônio Ferreira Guimarães




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fazenda Pouso Alto - a história de uma propriedade pioneira

Sede onde viveram os fundadores do Pouso Alto. Reprodução: Marcos Roberto Guimarães Silva No Alto Sucuriú, um nome se destaca entre os nomes das Fazendas na região, é o nome Pouso Alto, nome de um distrito com mais de 500 habitantes, mas também de uma Fazenda que marcou a história da região, ali se tinha um cartório de registros civis, mas também uma vasta propriedade rural onde se criava gado e se plantava arroz, lar de uma família com suas raízes nas mais tradicionais famílias da região. Até 1925 a região conhecida como Pouso Alto era uma posse registrada em 1856 por Francisco de Paula e Oliveira , que deixou aos filhos, que por sua vez a venderam em 14 de janeiro de 1925, ao goiano Juscelino Ferreira Guimarães por Rs 2:000$000 (dois contos de réis), que prosseguiu com o requerimento definitivo da propriedade seu excesso de área. Tal processo terminou em 1927, no decorrer o processo custou-lhe um valor considerável fez arrastar boa parte da herança em reses que su...

QUEM FORAM OS FILHOS DE ANTÔNIO TRAJANO DOS SANTOS, FUNDADOR DE TRÊS LAGOAS?

  Árvore genealógica do principal fundador de Três Lagoas. O Coronel Antônio Trajano Pereira dos Santos nasceu em Ventania (MG), atual cidade de Alpinópolis, por volta de 1854, filho do casal Antônio Pereira dos Santos e Francisca Rosa de Azevedo , ambos mineiros. Seus avós maternos eram, Francisco José de Azevedo e Maria Rosa da Purificação , e até o momento conhecemos apenas da avó paterna, Lúcia Maria de Jesus. Já a sua esposa, Maria Lucinda de Freitas , tem uma família com longa tradição em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Neta de um dos fundadores de Paranaíba, e de outro desbravador, herdou grandes extensões de terras esparsas e distantes uma das outras. Hoje temos conhecimento que a sua mudança para o então sul de Mato Grosso, não foi sozinho ou com apenas um irmão, como era acreditado até então. Sabemos que os seus irmãos deixaram vasta descendência em Mato Grosso do Sul, e a exemplo de outros, tomaram posse de vastas áreas para criação de gado. Inclusive, c...

Antônio Trajano dos Santos, fundador de Três Lagoas

Maria Lucinda Garcia de Freitas e Antônio Trajano dos Santos.:FONTE: Levina Azambuja Santos Antônio Trajano Pereira dos Santos Nascido em Ventania - Minas Gerais no ano de 1854, resolveu junto ao irmão se mudar para a província de Mato Grosso nos idos de 1870, com 16 anos junto de seu irmão Delfino Pereira dos Santos para então região de Sant'Anna de Paranahyba onde havia tido conhecimento junto das família Garcia Leal e de muitas outras famílias abastadas da região, como a Ferreira de Mello , Tosta , entre outras. Contraiu matrimônio com Maria Lucinda Ferreira (ou Garcia de Freitas), que era filha dos abastados fazendeiros Anicézio Ferreira de Mello e Laura Garcia de Freitas , sendo assim, ela, neta de um dos fundadores de Paranaíba, Januário Garcia Leal. Em 1892 comprou parte de terras da Fazenda Campo Triste, do tio de sua esposa Manoel Ferreira de Mello , que por sua vez as havia adquirido de seu primo José Ferreira Garcia . Tal região do Campo Triste havia sido ...