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José Marques Garcia, o Bacurau, um dos principais personagens deste evento histórico que gerou consequências quase irreversíveis na política e economia da região. |
A próspera Sant'Anna do Paranahyba teve sua história cortada por uma tragédia que envolveu as mais importantes famílias da região, numa trama política que envolveu assassinatos e perseguições.
Generoso Ponce teve seu poder arrancado em Cuiabá, ocasionando efeitos turbulentos m todos os cantos extremos do Estado de Mato Grosso, alcançando a Vila de Santana, quando o Coronel Carlos Ferreira de Castro decide defender seu poder a qualquer custo, atirando-se contra a prestigiada família Garcia.
Era 1898 e o Dr. Manuel José Murtinho pediu aos Garcia o apoio ao seu candidato Antônio Pedro Alves de Barros, saindo encabeçado o Coronel Silvério Garcia Leal com seu genro Coronel José Marques Garcia, liderando 125 homens em apoio, vendo tal ato Ferreira de Castro logo se pôs em atividade para atingir o poderoso Coronel José Marques Garcia, cujo apelido era Bacurau, alcançando-o com animosidade dele com José Faustino devido a briga entre eles sobre a divisa de uma das propriedades destes.
Coronel Ferreira de Castro incentivou José Faustino a matar Bacurau, porém os capangas de José Faustino o entregou aos parentes do Bacurau, causando reação da família em ir até a casa de Faustino cobrar explicações, lançando tiros que geraram a morte de sua esposa, que reagiu a ser retirada ao lado do mesmo, vindo então a óbito.
Com tal imbróglio, Coronel Ferreira de Castro se encontrou com o sogro de Bacurau, Coronel Silvério Garcia Leal, com quem acordou em não ter reações de nenhumas das partes na briga de José Faustino e Cel. José Marques Garcia, que já havia enviado uma invasão a Fazenda de Faustino uns 40 jagunços, e quase enviou mais 200 empenhados na resolução.
Carlos Ferreira de Castro, articulando a derrubada de Bacurau, homem forte da política da região e da família Garcia, contratou o bandido Dyonisio Benites, de procedência argentina de Corrientes que era afamado por fazer roubos e saques em fazendas e cidades, espalhando o terror pelos sertões
O bandido Benites organizou duzentos homens com várias entrada contendo pilhagens, mortes e outras barbaridades, tal contrato custou ao Coronel Castro cerca de Rs 40:000$000 e visava despir Paranaíba e a família Garcia de suas riquezas, causando a morte de Manuel Garcia da Assumpção que estivera entrincheirado nas invasões, repelindo o genro de Castro e o bandido argentino.
O governo de Cuiabá reage e nomeia o Juiz Baiano João Dantas Coelho para dar paz a Vila, da Revolução proclamada por Dyonisio Benitez. O contrário ocorreu, o tal Juiz recebeu dezenas de contos para abafar as barbaridades e deixar impune os salteadores e perturbadores da paz, ocasionando no retorno das ofensivas do Cel. João Luiz do Nascimento, tendo como ápice dia 3 de Abril de 1904 aquando ele invade Paranaíba com 240 capangas de origem baiana para roubar todo o tipo de riqueza, tendo como recompensa maior os frutos da prosperidade Santanense.
Dyonisio fora morto na estrada de Monte Alto, entre Jaboticabal e Ribeirãozinho, São Paulo, a mando de Bacurau que o perseguiu terminantemente por roubar seu rebanho e de muitos outros. João Carlos foi morto a mando de Antônio Canuto e Balbino Neves, que ao fazer tal crime fugiu para a Fazenda Irara, onde Coronel Francisco Garcia da Silveira lhes prestou cavalos e animais para fuga, sem saber ao menos que fosse por isto.
Com tal, acabaram por prender Cel. Francisco Garcia da Silveira, Eliezer da Silva Latta e Capitão João Batista Gomes, os incriminando sem processo jurídico que de fato provasse que fossem os realizadores de tal feito, torturando assim os dois criminosos para arrancar um testemunho inexistente que incriminasse Cel. Francisco Garcia da Silveira, porém temendo uma revolta popular em apoio aos Garcias, mandou os criminosos para Cuiabá para assim fazer baixar a poeira, tendo o ardiloso Castro contratado de Alagoas mais criminosos, por via de Manuel Teixeira.
Conluio este feito pelo Major Olimpio Ribeiro e os Castros, com ajuda do Juiz que desonrará sua função, partiram em direção ao aliado dos Garcia, Coronel Antônio Batista Camargo na Pedra Azul para assaltar sua fazenda levando de 1.800 à 2.000 reses mais 250 animais de tropas, porém estando o Cel. Antônio B. Camargo em Aquidauana, continuando então os assaltos passaram pelas Fazendas dos Cel. Mizael Garcia Moreira e Cel. José Marques Garcia, revistando-as e violando correspondências particulares, arrasando propriedade dos Garcia e os repelindo para Goiás, local onde poderam se salvar.
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Cel. Januário Garcia Leal, que mandou tirar a vida de seu primo, Cel. José Maques Garcia também conhecido como Bacurau. |
As brigas entre fazendeiros não se encerra, tendo nestes eventos a morte de José Marques Garcia e seu sogro Silvério Garcia Leal, sendo o primeiro assassinado por um cozinheiro seu a mando de seu primo Cel. Januário Garcia Leal, devido a brigas e se sentir ameaçado.
Tais eventos que desonravam os bravos desbravadores e trabalhadores durou tempos, e teve na pessoa do Cel. Alfredo Justino de Souza, do Clã dos Garcia Leal que interviu favoravelmente a sua família para restabelecer a paz a muito tempo tirada naquele meio, Revoluções estas que duraram longo período de 1900 à 1920, gerando um restolho de miséria e mortes, tal terror fez com que muitas famílias traumatizadas não viessem a se manifestar sobre o assunto que muita dor trouxe a elas.
Tantos nomes ilustres; Antônio Ferreira Leal, Silvério Garcia Leal, José Marques Garcia, Manuel Garcia da Assumpção caíram em desgraça deixando muito de seus descendentes a mercê de terceiros, fugitivos que deixaram propriedades ainda não regularizadas que passaram a ser cobiçadas e dominadas por terceiros que a administraram e tomaram para si.
Esse ciclo de inferno gerado, gerou mais do que uma onda de morticínios e miséria em geral, também trouxe fim a toda trajetória de desenvolvimento iniciadas pela família Garcia que tão laboriosa construiu no vazio e teimoso Sertão um potentado de Civilização e prosperidade conectada ao pujante Brasil, porém teve desfeita por pessoas de baixo nível, inimigos da ordem pública, como vemos na pessoa do Cel. Carlos Ferreira de Castro e seu capanga Dyonisio Benites.
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