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Epopeia dos Garcia - a construção de um Estado

Brasão usada comumente por membros da família Garcia
Por volta de 1829 no então Sul do Mato Grosso, nos campos de Santa Ana nasce uma bandeira de colonização chefiada pelo Capitão José Garcia Leal, um personagem enigmático da história do Bolsão, guiando seus irmãos; João Pedro Garcia Leal, Joaquim Garcia Leal e Januário Garcia Leal, numa das epopeias mais bem registradas da história do Estado, juntamente com outras famílias pioneiras; Barbosa e Lopes, que com muito trabalho ajudaram a expandir a bandeira colonizadora mais ao Sul do temível sertão.

A família Garcia Leal tem um acontecimento que a cerca, o assassinato de João Garcia Leal perpetrada por sete irmãos da família Silva, que de maneira sorrateira armou a emboscada na estrada e o matou da maneira mais cruel possível, arrancando sua pele vivo como se retira de um bezerro, pela cabeça, o pendurando numa figueira hoje preservada em São Bento Abade.

Um evento tão trágico, mas que foi fundamental para que no futuro viesse a decisão mais importante de todas as outras, a mudança da grande família com seus bens para os sertões bravios do Mato Grosso, vindo a fundar a Vila de Santana ao redor de uma Igreja em devoção a mesma, introduzindo a pecuária e lavouras, tornando a localidade um lugar que despontava em desenvolvimento frente a outras localidades na região central do país.

MUDANÇA PARA O SERTÃO DE MATO GROSSO

Próximo ao rio Paranaíba, encontrava-se os Garcia se preparando para a travessia, montando suas canoas, até que chega Januário José de Souza e Joaquim Francisco Lopes para irem juntos a travessia numa parte do rio onde as águas eram mansas, eis que em 29 de julho de 1829 atravessam o rio com 24 animais, em onze pessoas para dar início a colonização.

Fazendo picada no outro lado do rio, numa profundidade de uma légua e meia, chegaram a campos limpos, escolhendo um lugar a beira de um riacho batizando-a de Santana para homenagear a esposa do Capitão José Garcia Leal, d. Anna Angélica de Freitas, montando assim sua primeira posse firmando-a com um cruzeiro de aroeira, de lá se seguiram três bandeiras, uma indo ao norte até o rio do Peixe para onde se dirigiu o Capitão Garcia, a segundo por Januário Garcia indo para Oeste onde nasce o Santana, e a terceira foi em direção ao Sucuriú e uma serra denominada de ''Caiapós'' capitaneada por Januário de Souza e Joaquim Francisco Lopes.

Capitão Garcia Leal então doou após um tempo, uma posse ao Lopes, para que viesse se mudar para o intrépido Sertão, assim sendo em abril de 1831 ele se muda, e continua com os planos de desbravar a vasta região, trazendo consigo membros da família Barbosa; Alexandre Gonçalves Barbosa, Ignácio Gonçalves Barbosa e Antônio Gonçalves Barbosa, dos quais futuramente fariam vasta descendência que seguiriam para Vacaria rumo a fronteira com o Paraguai.

Essa bandeira de colonização atraiu outras grandes famílias para a região, vindas de Franca, como os Tosta, Pereira, Nogueira, Ferreira de Mello, Paulino da Costa, Coelho, Sousa, Queiroz, Costa Lima, Rodrigues da Costa, entre outras.

Dessas muitas famílias houve grande entrelaçamento, que deixou valorosos personagens na rica história do nosso Centro-oeste, principalmente a participação decisiva na colonização da chamada região do Bolsão, com a criação do gado e a construção de estradas que viesse facilitar o desenvolvimento regional.

 MEMBROS DA FAMÍLIA GARCIA LEAL NO BOLSÃO

Maria Lucinda Garcia de Freitas, casada com Antônio Trajano dos
Santos, fundador de Três Lagoas.
Galeano Garcia Leal, fundador do Porto Galeano.


Manuel Garcia da Silveira, filho do Capitão
José Garcia Leal
Major Joaquim Leal Garcia, filho do desbravador
Januário Garcia Leal.


Cel. José Marques Garcia, o Bacurau.
participou ativamente das Revoluções de Paranaíba.
João Ferreira Leal, fazendeiro e personagem
das Revoluções de Paranaíba.


Coronel Chico, Francisco Garcia Leal.
Januário Garcia Leal, neto homônimo do desbravador
que encomendou a morte do Bacurau. 


Protázio Garcia Leal, um dos grandes desbravadores de Três Lagoas.
Maria Garcia Coelho, d. Coelhinha, foi
importante personagem no desbravamento
 de Rio Brilhante com seu
marido e primo pelos Garcia,
José Justiniano de Sousa.

 Além das personagens aqui mencionados que nasceram no bolsão, temos a primeira poetisa do Estado, Francelina Garcia Leal, que com seu marido desbravou a região do Botas, além de ser mãe do Manuel da Costa Lima, importante desbravador que fundou o Porto XV de Novembro.

Os Garcia Leal por sua numerosa prole, se entrelaçou entre numerosas famílias que se achegou, inclusas; Tosta, Souza, Ferreira de Mello, Coelho, Oliveira, Costa Lima, Azambuja, Nogueira, Silva Latta, Barbosa, Guimarães, Santos, entre outras que desbravaram o Mato Grosso do Sul e a fizeram esse Estado próspero, para não dizer do ramo goiano que muitos frutos produziu.

Alguns nomes importantes do estado de Mato Grosso do Sul que descendem de valorosa família Garcia Leal:




Paulo Coelho Machado foi escritor e cronista, além de ter sido advogado, jornalista, político, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, além de presidido o Instituto por duas vezes.

Deixou grande legado, que é reconhecido até hoje com homenagens em Escola e até mesmo um bairro com seu nome.

Lúdio Martins Coelho era filho de Laucídio de Souza Coelho e Lúcia Martins Coelho, ambos descendente dos Garcia Leal, por mais de uma via.

Foi político de prestígio no Estado, tendo sido eleito duas vezes para prefeito de Campo Grande, foi Senador e empresário de grande envergadura na área da pecuária.


 Manuel da Costa Lima nasceu em 22 de abril de 1866 na Fazenda Morangas, abriu estradas e ligou várias localidades do Estado umas as outras, além de fundar em 6 de junho de 1900 o Porto XV de Novembro, fundou Santa Rita do Pardo, além de iniciar de maneira pioneira a navegação a vapor nos rios Paraná e Pardo, ligando o estado de São Paulo ao atual estado de Mato Grosso do Sul, na éoca a cidade de Campo Grande.

Instalou de maneira pioneira linhas telefônicas em várias fazendas, construiu trecho de estrada de rodagem onde hoje é a BR 267 e parte da BR 163, que liga os estados de MS e Sp.

Sua mãe como mencionado, era poetisa e foi a primeira do Estado, seu pai José da Costa Lima, era filho de Joaquim da Costa Lima e Mariana Garcia Leal.

Mas minha homenagem nessa publicação fica ao estimado amigo Elio Barbosa Garcia que com muito empenho escreveu o livro Desbravadores de Sertões, de onde pode tirar boa parte dessas enriquecedoras informações, além de poder conhecer mais sobre minha raiz que é do Garcia Leal, mais outras grandes famílias que fizeram esse Estado e o fez próspero.

FONTE:

BARBOSA GARCIA, Elio. Desbravadores de Sertões.
História contada por muitos dos descendentes. 

Comentários

  1. Me sinto muito honrada em pertencer a essa nobre familia Garcia Leal.
    E muito grata a Elio Garcia pelo grande trabalho publicado.

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  2. Vou fazer registro na minha coluna Amplavisão desta semana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, peço desculpas por só falar consigo agora. Podemos comunicar-se um com o outro por outra via?

      Excluir

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