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Antônio Trajano dos Santos, fundador de Três Lagoas

Maria Lucinda Garcia de Freitas e Antônio Trajano dos Santos.:FONTE: Levina Azambuja Santos

Antônio Trajano Pereira dos Santos

Nascido em Ventania - Minas Gerais no ano de 1854, resolveu junto ao irmão se mudar para a província de Mato Grosso nos idos de 1870, com 16 anos junto de seu irmão Delfino Pereira dos Santos para então região de Sant'Anna de Paranahyba onde havia tido conhecimento junto das família Garcia Leal e de muitas outras famílias abastadas da região, como a Ferreira de Mello, Tosta, entre outras.

Contraiu matrimônio com Maria Lucinda Ferreira (ou Garcia de Freitas), que era filha dos abastados fazendeiros Anicézio Ferreira de Mello e Laura Garcia de Freitas, sendo assim, ela, neta de um dos fundadores de Paranaíba, Januário Garcia Leal.

Em 1892 comprou parte de terras da Fazenda Campo Triste, do tio de sua esposa Manoel Ferreira de Mello, que por sua vez as havia adquirido de seu primo José Ferreira Garcia. Tal região do Campo Triste havia sido uma Sesmaria pertencente a João Ferreira de Mello, a área então contava com 140.000 alqueires e ali instalou-se a grande família Mello, na qual Antônio Trajano acabou entrando por via de sua esposa, na grande expansão da criação de gado no bolsão.

A compra feita era de Rs 25$000 réis, ele também comprou a posse da Alagoas de dois posseiros, requerendo a área do Estado com título definitivo em 1898, onde fora concedido provisoriamente e é desta posse tornada Fazenda, é onde nasceria o maior fruto de seu legado em nosso estado, que em muito deve-se a sua sensibilidade e ao empreendimento da NOB em ligar o então Mato Grosso aos grandes centros.

Com a chegada da ferrovia, muitos migrantes vieram instalar-se em espaço de sua propriedade, o que levou por parte de Antônio Trajano uma atitude pioneira e sensata, a doação de 40 alqueires da Fazenda Alagoas para formação de um patrimônio de Santo Antônio das Alagoas, em homenagem ao Santo de devoção e as Três Lagoas que encontravam-se em sua Fazenda, e que a nomeava.

Com o rápido desenvolvimento, Três Lagoas é elevada em 1914 a distrito, e em 15 de junho de 1915 a Vila com nome em homenagem as três lagoas existentes na localidade, com tal projeção,  o intrépido desbravador reuniu seus animais e foi desbravar o alto sucuriú, comprando uma posse de Saturnino Marques Garcia no qual teve título definitivo em 21 de março de 1928. A área em questão era denominada de Fazenda Córrego Fundo e era de 20.733,2824 (Vinte mil e setecentos e trinta e três hectares e dois mil, oitocentos e vinte e quatro ares).

Com a morte de sua esposa em 1926, o patrimônio do casal era avaliado em Rs 132:565$000 em 12 de junho de 1927, Três Lagoas, por Augusto Corrêa da Costa.

O casal deixou os seguintes filhos:

1 - Olímpia Pereira dos Santos - foi casada com o seu primo Mizael Ferreira de Mello (também assinava Misael Paulino da Costa).
2 - Alípio Pereira dos Santos - foi casada com Maria Francisca de Oliveira, após ela fugir, juntou-se com a viúva Francisca Teodora Nogueira, com quem teve mais filhos.
3 - Brasiel Pereira dos Santos - foi casado com Inocência Gomes Pinheiro.
4 - Maria Pereira dos Santos - foi casada com o seu primo João Alves Ferreira.
5 - Adolfo Pereira dos Santos - foi casado com Petronília dos Santos.
6 - Laudelina Joana dos Santos - Seu primeiro marido foi Francisco Severino Garcia, gerando um filho, com sua viúvez, casou-se com Tertuliano Ferreira de Mello, primo, de depois fugiu com Antônio Bruno Germano, gerando filhos.
7 - Hermínia Isabel dos Santos - foi casada com Pedro Martins Ferreira.
8 - Jorgina Pereira dos Santos - foi casada com o gaúcho Gregório Martinelli.
9 - Abadia Pereira dos Santos - casada com o seu primo Adolpho Garcia Leal.
10 - Sebastião Garcia dos Santos - foi casada com a sua prima Olyria Leal de Azambuja.
11 - Maria Rosa dos Santos - foi casada com Pedro Celestino Torres.

Antônio Trajano faleceu quase 9 anos após sua esposa, em sua fazenda no Alto Sucuriú, deixando um relato interessantíssimo de sua morte:

''Na festa de casamento de Otília Martinelli com seu primo Jerônimo Garcia Leal, no dia de São João no ano de 1924 toda a antiga família Santos e Garcia se reunia em festa, onde Arnaldo Pereira dos Santos, seu primo de 1º grau tocava a moda preferida de seu avô Antônio Trajano dos Santos, muitos se regozijavam em um antigo costume de ver a sombra sobre a água sob luz de um candieiro, quando então entre todos, somente o velho patriarca não a viu.

Na situação então de mal estar gerada, Antônio Trajano proferiu que daquele dia não passava em vida, foi quando então veio falecer na festa de sua neta Otília Martinelli.''

Como consta no Inventário, Antônio Trajano ficou com parte de terras advindas do Inventário de sua esposa, uma área de 9.286 (Nove mil duzentos e oitenta e seis hectares) hectare, mais uma parte de 241,02,73 (duzentos e quarenta e um hectares dois ares e setenta e três centiares) que adquiriu de sua neta Oliria Moreira Vida e de seu esposo Manoel Batista Moreira, no valor de Rs 1:205$000 como foi lavrado em Água Clara pelo Juiz de Paz Aluizio Vanich.

A avaliação da maior porção era de Rs 46:430$000 e a menor em Rs 1:205$137, mas uma Casa coberta de capim com rego d'água, paiol, casa de monjolo, com dois pastos cercados de arame -Rs 10:000$000.

Dívidas Ativas

Um documento firmado por Gregório Martinelli, no valor de Rs 7:000$000 (Sete contos de réis).

Um documento firmado por Juscelino Ferreira Guimarães no valor de Rs 700$000 (Setecentos mil réis).

Um documento firmado por Areolino Ottoni no valor de 448$000 (Quatrocentos e quarenta e oito mil réis).

Excesso da Fazenda Alagoas, deixada a cargo por Sebastião Garcia dos Santos, herdeiro e filho, no valor de cerca de Rs 1:000$000.

fontes:

Inventário de Maria Lucinda de Freitas - processo:021.27.000011-0.
Inventário de Antônio Trajano dos Santos - processo:021.35.000005-1.

Relato Oral:

- Adelaide Teodora dos Santos (bisneto).
- João Ferreira Guimarães (bisneto).
- Alda Teodora dos Santos (bisneto).
- Urbano Ferreira Guimarães (bisneto).
- Rudá Teodoro dos Santos (bisneto).
- Vereador de Três Lagoas, Davis Martinelli Leal dos Santos (tetraneto).







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