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| Árvore genealógica do principal fundador de Três Lagoas. |
O Coronel Antônio Trajano Pereira dos Santos nasceu em Ventania (MG), atual cidade de Alpinópolis, por volta de 1854, filho do casal Antônio Pereira dos Santos e Francisca Rosa de Azevedo, ambos mineiros. Seus avós maternos eram, Francisco José de Azevedo e Maria Rosa da Purificação, e até o momento conhecemos apenas da avó paterna, Lúcia Maria de Jesus. Já a sua esposa, Maria Lucinda de Freitas, tem uma família com longa tradição em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Neta de um dos fundadores de Paranaíba, e de outro desbravador, herdou grandes extensões de terras esparsas e distantes uma das outras.
Hoje temos conhecimento que a sua mudança para o então sul de Mato Grosso, não foi sozinho ou com apenas um irmão, como era acreditado até então. Sabemos que os seus irmãos deixaram vasta descendência em Mato Grosso do Sul, e a exemplo de outros, tomaram posse de vastas áreas para criação de gado. Inclusive, citamos o trabalho genealógico do Renê Gastão Leal, que é descendente de Bernardino Pereira dos Santos, irmão de Antônio Trajano.
Concluímos que o desbravador mineiro, conseguiu um casamento vantajoso, pois era com uma mulher em que a família liderava politicamente a região. O que certamente dá-se a pensar os motivos de terem a deixado casar com o dito, pois em uma situação de proeminência, poder-se-ia ter escolhido um primo ou vizinho próximo que já estivessem se enriquecido. Todavia, queremos deixar claro que o nível de riqueza destas famílias é muito relativo no período, pois segundo inventários, encontramos uma vida simples e de poucos bens, ou seja, eram melhores que a classe imediata abaixo, mas estavam longe de se compararem com outras elites fundiárias do Brasil já há muito instaladas.
Do seu casamento com Maria Lucinda, tiveram onze filhos:
1. Olímpia Pereira dos Santos, casada com o seu primo Mizael Ferreira de Mello, filho de Antônio Paulino da Costa e Maria Rita de Mello. Tiveram seis filhos: Antônia Ferreira de Mello, Lázara Costa, Leonor Ferreira de Mello, Batistina Ferreira de Mello, Jorge Costa e Isabel Ferreira de Mello. O casal viveu maior parte do tempo de vida na região do rio Brioso, chegando a comprar posses no Cangalha, ao todo o seu marido deixou 23.301 hectares para os filhos, além de mais de 3.000 cabeças de gado bovino e 80 éguas.
É de destacar o nome de três filhos, por suas relações com a pecuária: Jorge, por ter se transformado em grande produtor de engorda de bois, conhecido em toda a região; Antônia, por ser proprietária da fazenda Pouso Alto com 15.063 hectares, casada com o escrivão Juscelino Ferreira Guimarães, fundador do Pouso Alto; e de dona Leonor, que junto do seu marido e primo Areolino Ferreira Ottoni, desbravaram a região de Chapadão do Sul, tendo sido proprietários de uma fazenda com mais de 6.000 hectares na região.
2. Alípio Pereira dos Santos, casou-se com a dona Maria Francisca Silveira, mineira de família pecuarista e fundadora da cidade de Frutal (MG). Juntos tiveram os filhos: Arnaldo Pereira dos Santos, Manoela Pereira dos Santos e Nicolino Pereira dos Santos. Entretanto, a sua esposa fugiu com o mais novo dos filhos, para a terra dos seus pais. Com isto, ele passou a viver amaziado com a viúva de seu primo Francisco Januário Garcia, que se chamava Francisca Teodora da Fonseca, tendo mais sete filhos com ela: João Benedito dos Santos, Sebastião Trajano dos Santos, Manoel Pereira dos Santos, Maurício Trajano dos Santos, Petronília Teodora dos Santos, Aurora Teodora Nogueira e Antônio Teodoro dos Santos.
Faleceu na Fazenda Boa Vista de seu neto Antônio Nogueira de Camargo, onde vivia com a sua filha Manoela Pereira dos Santos. Não deixou propriedades, apenas algumas reses a serem divididas entre os seus filhos.
3. Brasiel Pereira dos Santos, unir-se-ia em matrimónio com Inocência Gomes Pinheiro, com quem teve os seguintes filhos: Maria Gabriela Pereira dos Santos, Osório Pinheiro dos Santos, Maria Lucinda Pinheiro dos Santos, Brasiel Pereira dos Santos Filho, Antônio Pereira dos Santos e Idelfonsina Pereira dos Santos. Pouco sabemos da sua vida, além de em 1919 ser citado criando 300 reses em Três Lagoas, no entanto, seu filho Osório foi importante criador de gado, destacando-se na região do Alto Sucuriú.
4. Maria Pereira dos Santos, casou-se com o seu primo João Ferreira Vida, rico proprietário na região. Dessa união resultaram seis filhos: Abadia Garcia dos Santos, Olíria Ferreira Vida, Abrahão Ferreira Vida, Pedro Ferreira Vida, Adomiro Ferreira Vida e Getúlio Ferreira Vida. Todos os filhos desse casal foram pecuaristas de destaque, herdando imenso património dos seus pais.
5. Adolfo Pereira dos Santos, casou-se com a sua prima Petronília Pereira dos Santos, filha do seu tio Delfino Antônio dos Santos e Francisca Vicência dos Santos. Durante muito tempo foi proprietário da maior parte da fazenda Córrego Fundo, cerca de 12.000 hectares do que pertenceu aos seus pais, vivendo na antiga sede. Vendeu-a para um deputado, mudando-se para Três Lagoas onde comprou um hotel. Ele e sua esposa tiveram três filhos: Maria Lucinda dos Santos, Eduardo Pereira dos Santos e Dolorita dos Santos.
6. Laudelina Joana dos Santos, teve uma vida mais complexa que suas irmãs, casou-se com o seu primo Tertuliano Ferreira de Mello, porém fugiu com outro homem, Antônio Bruno Germano, com quem deixou a seguinte descendência: Ildefonsina Bruno de Sousa, Maria Bruna de Sousa e José Bruno dos Santos. No entanto, teve um filho com pai desconhecido, o professor Sebastião Trajano dos Santos, pai do famoso médico três-lagoense Dr. Marco Lúcio Trajano dos Santos.
7. Hermínia Isabel dos Santos, casou com o paulista de Itapetininga, Pedro Martins Ferreira. Ao contrário da maioria dos seus irmãos, não teve descendência que tenha se dedicado a pecuária, inclusive, o seu filho Antônio Martins Pereira formou-se em direito e foi investigador da Secretária de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Além de Antônio, também tiveram os filhos: Lázara Martins Pereira, Cordolina Martins Pereira e Manoel Martins Pereira.
8. Jorgina Pereira dos Santos, contraiu matrimónio com o gaúcho Gregório Martinelli, afazendando-se inicialmente no Córrego do Mato, chegando a criar 200 reses em terras lavradias de boa qualidade. No entanto, não sabemos o motivo para terem abandonado a região, que depois foi comprada por sua sobrinha Leonor Ferreira de Mello. Segundo seus descendentes, não deixaram bens, inclusive, descobrindo-se que devido a uma dívida alta, não receberam herança de Antônio Trajano em 1935. Seus filhos eram: Porcina Martinelli, João Martinelli, Laura Martinelli, Otília Martinelli e João Evangelista Martinelli.
Dentro da sua descendência, encontramos filhos e netos que tornaram-se pecuaristas na região do Alto Sucuriú, Chapadão do Sul e Costa Rica. Também damos destaque a atividade política em Água Clara e Três Lagoas, frisando o nome do vereador Davis Martinelli Leal dos Santos.
9. Abadia Pereira dos Santos, casou-se com o seu primo Adolfo Garcia Leal, deixando apenas uma filha de nome Izaura Garcia dos Santos, que por sua vez, uniu-se em matrimónio com o seu primo Getúlio Ferreira Vida. Por terem tido apenas uma filha, está herdou grande património, que junto de seu primo fizeram-lhes grandes proprietários e criadores de gado bovino.
10. Maria Rosa dos Santos, casou-se com Pedro Celestino Torres, tendo ambos dois filhos: Simplício Rosa Garcia e Antônia Rosa dos Santos, falecida na infância. Sabemos que Maria faleceu ainda muito cedo, sendo seu filho o herdeiro das terras de direito de sua mãe nos inventários de Maria Lucinda (1926) e Antônio Trajano (1935), somando-se mais de 2.000 hectares que foram vendidos ao seu primo Jorge Costa.
11. Sebastião Garcia dos Santos, mais novo dos filhos do casal, escolheu casar-se com uma prima, Olyria Leal Azambuja, herdeira de vasto património. Juntos tiveram a fazenda Mimoso, que contava com mais de 37.000 hectares nas proximidades da cidade de Paraíso das Águas. No entanto, vítima de uma grande seca, perdeu grande parte de seu rebanho bovino, vendendo a dita propriedade e comprando uma menor.
Sua descendência destacar-se-ia em ramos distante da pecuária de corte, Dr. Otton Azambuja Santos e Dr. Maldonat Azambuja Santos, tornaram-se médicos, enquanto o Dr. Rudá Azambuja Santos dedicou-se a odontologia, sendo diretor de curso da então Universidade Estadual de Mato Groso, atual UFMS. Chegou também a ser vereador pelo PTB em Campo Grande (MS), decepcionado, abandona o ramo.
Para além dos três já citados, tiveram mais duas filhas: Maria Lucinda Azambuja Santos e Levina Azambuja Santos.
Como vimos, muitos dos descendentes do fundador de Três Lagoas seguiram o caminho dos seus ancestrais, tornando-se fazendeiros, com alguns chegando a ter destaque no ramo. Todavia, alguns decidiram seguir outros caminho, inclusive, mudando-se de Três Lagoas para outros lugares que melhor aproveitassem o seu talento.
*Rudi Matheus Resende Guimarães - Nascido na data de 05 de Julho de 1995 em Três Lagoas, é licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Atualmente é mestrando em Estudos Medievais, pela mesma faculdade, com especialização em Controvérsia Anti-judaica.
Também é descendente do Fundador de Três Lagoas, sendo seu tetraneto por via de dois seus filhos, Olímpia Pereira dos Santos e Alípio Pereira dos Santos.
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