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MEMORIAL DESCRIPTIVO DA DEMARCAÇÃO DA POSSE CÓRREGO FUNDO, SITUADA NA FAZENDA DE "POUSO ALTO" DO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ANTIGA ST. ANNA DO PARANAHYBA, REQUERIDA AO ESTADO POR ANTÔNIO TRAJANO DOS SANTOS

MEMORIAL DESCRIPTIVO DA DEMARCAÇÃO DA POSSE CÓRREGO FUNDO, SITUADA NA FAZENDA DE "POUSO ALTO" DO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS, ANTIGA ST. ANNA DO PARANAHYBA, REQUERIDA AO ESTADO POR ANTÔNIO TRAJANO DOS SANTOS


No dia vinte de março do corrente anno de mil novecentos e vinte e cinco, às nove horas da manhã, prehenchidas as formalidades legaes de publicação e affixação de editaes, conforme todo provam os documentos annexos, processo o início da demarcação da posse Córrego Fundo, na fasenda do Pouso Alto, requerida ao estado por Antônio Trajano dos Santos. Foi presente na barra do Rib. Cangalha com o R. Sucuriú, o proprietário demarcante, não tendo havido comparecimento de confrontante algum. Dei meio dia e hora início aos serviços, não tendo havido durante e nem depois de concebidos os trabalhos opposição ou protesto de nenhuma natureza. comAs terras que constituem a posse Córrego Fundo na fasenda de Pouso Alto, cultivadas ininterruptamente por Antônio Trajano dos Santos e seus filhos, que as houve por compra dos posseiros, que sucessivamente as cultivaram effectivamente são constituídas por campos de criar e mattas de culturas. Nestas existem invernadas de capim jaraguá, roçadas permanentes, serviços de engenho de canna e aguardente, que pelos sinais visíveis demonstrou já alcançada edade. Vestígios de occupação dos campos de criar existem em vários pastos, além da séde, todos elles demonstrando antiguidade, especialmente a tapera primitiva fronteira à morada actual, que indica occupação superior a trinta annos.

Situadas entre os Rios Sucuriú e Rib. Cangalha, limita-se ao norte com a posse da Pedra e ao poente com a de Lageado. Uma área total é de 18.747. hectares sete mil cento e noventa e nove metros quadrados, sendo área polygonal 18.286 Hcts. 5573 m² e extra polygonal 461 Hcts. 1626 m², calculada com os maiores cuidado e rigor.

Os trabalhos de campo foram executados com meu Theodolito nosso Keuffel & Esser, corrente rigorosamente aferida e os calcinados, e trabalhadores de foice e medição, todos moradores das circunvizinhanças. Iniciados os trabalhos no marco cravado na barra do Rib. Cangalha com o R. Sucuriú, estação 0, procegui o levantamento pela barranca deste rio, sempre dentro da matta, esse diversos recursos e distâncias, até a estação 6, situada na barra do córrego olho d´água com o referido R. Sucuriú. Da estação 6 até 9 que corresponde a seu marco nº 2 cravado na ponta da cabeceira do olho d´água, seguiu o levantamento e demarcação margeando o referido olho d´água. Do nº 2 a estação (T.V.) e com rumo N 89º50 W e 1105 metros alcança a estação 100 mº na 3 cravado na margem da estrada que da fasenda vae ao Pº da Pedra; continua da estação 10 para 11º e me com N 53º30 W e 67o ms; da 11º para a 12º e marco nº5 com N 33º15' W e 1080 ms; da 12º para a 13º e marco nº6 com N 54º12'W e 1180 ms; da 13º para a 14º e marco nº7 com N 84º30'W e 660 ms, cruzando a estrada que vae para o P. Alto; da 14º para a 15º e marco nº8 com eS 29º00 W e 1840,oo m; da 15º para 16º e marco nº9 com eS 38º00 W e 3925 ms ao; da 16º para 17º e marco nº 10, com eS 11º W e 1055 ms, cruzando a estrada que vae para a fasenda; da 17º para a 18º e marco nº 11 com eS 52º10 W E 650 ms; da 18º para a 19º marco nº 12 com eS 38º45 W e 1745 ms; de 19º para a 20º a marco nº 13 com eS 6º28 W e 950 ms. Na 20º estação e marco nº 13 cravado na ponta da cabeceira do Espraiado, para a estrada que vae da fasenda à Rib. Claro. Da 20º estação o marco nº 13, segue pelo córrego do Espraiado até sua barra no Rib. do Cangalha, onde esta cravadoo marco nº 14. Deste com diversos rumos e distância e Rib. Cangalha abaixo, vae até a estação 1ª, quatrocentos e vinte e cinco metros distante do marco nº 1 estação inicial, onde feicho o perimetro. Da estação 9º até a 20º segue sempre pelo espigão mestre divisores das águas Córrego Fundo, Pedra, Lageado, em campos de cerrados limpos. Da 20º à 1º margeando o córrego Espraiado e Rib Cangalha, em varjões, cruzando pequenos capões de matta e várias vertentes de águas do Rib Cangalha, entre ellos o Rib Córrego Fundo que dá nome à posse. Da estação 1º à 6º segue em matta virgem de um só corpo e da 6º à 9º em cerrado e capoeiras margenaes ao Córrego Olho d'água.

A declaração da ajuda em observações sucessivas feitas por iguaes altitudes accusou 3º15', na estação 9º e arco nº 2. Todos os marcos são de madeira de lei com testemunhas à V. e R. excepção dos da barra de Cangalha e Espraiado que nosos trazem. Nas linhas maiores de 500 metros não foram cravados marcos conductores. Para serem sempre conduzidas em limites inalterava como o é o espigão que foi percorrido.

Além dos vestígios e  sinais de effectiva occupação que foram encontrados, é notório e voz conecta entre os antigos moradores que a posse Córrego Fundo, hoje em cultivação de Antônio Trajano dos Santos, data da época da Guerra do Paraguay, no local em que actualmente se acha.

Era.et.sup.

Três Lagoas, 29 de Maio de 1925.

Ass. José Augusto Cand. Waack


Transcrição feita por Rudi Guimarães, tetraneto de Antônio Trajano dos Santos, requerente da Fazenda Córrego Fundo.



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